Líder do Governo Binho Marques na Assembléia Legislativa do Acre - moisesdiniz@terra.com.br

terça-feira, 28 de agosto de 2007

PREFIRO 'ESSAS' CARAPANÃS!

Aqui no Acre, o inseto muriçoca recebeu o batismo de carapanã. Nos seringais e aldeias indígenas, a sua presença é forte no início da noite e na pele dos homens. Durante o dia são os piuns!

Não posso negar! O que mais aflige o homem da floresta não é a falta de escola, de creche, rua ou esgoto. São as ferroadas ‘das’ carapanãs e a picada minúscula dos piuns!

Acabo de chegar de um lugar onde, por natureza, deveria estar infestado desses insetos. Não os encontrei na aldeia Nova Esperança, sede do povo Yawanawa. Já na beira do rio Gregório, quando parava a canoa, os piuns nos irritavam com a sua permanente agressão.

Nos dias que lá fiquei, entre cuias de caiçuma, a dança do mariri, as belas noites de lua, o canto coletivo, a narrativa das tradições, o sagrado chá, a beira de rio... ‘As’ carapanãs e os piuns não me importunaram, não me agrediram!

Mas, se o fizessem, não me importaria. O que não suporto é a ‘coleta’ de sangue que as elites realizam no corpo esquálido dos pobres! Todos os dias! Prostituição! Fome na periferia! Alcoolismo que mata os pobres! Pedofilia! Ladrões do dinheiro público e jornalistas que riem! Políticos da canalhice! Mil anos de narrativa eu passaria!

Por isso, prefiro ‘meus’ índios aos bacanas de perfume francês! Prefiro o barulho dos igarapés ao discurso brega de alguns fidalgos que preferem o asfalto ao rio. Dizem que somos românticos porque queremos a floresta em pé. Que somos idiotas porque acreditamos na simplicidade de um pajé.

Eles querem a cidade “desenvolvida”, com muitas fábricas e muitas chaminés! Mas, o desenvolvimento de que eles falam não consegue acabar com o desemprego, a prostituição, a fome, o alcoolismo! À merda esse desenvolvimento!

Lá na aldeia Nova Esperança não encontrei crianças nas ruas! Velhos abandonados! Homens alcoolizados, banguelas, desnutridos, famintos, brutalizados! E lá não chegou esse tal desenvolvimento!

Hoje vou dormir na cidade! Vou dormir com os anjos da minha inocência! Eu fico com os meus piuns e carapanãs e, quem quiser, que fique com os ladrões do dinheiro público, os traficantes de droga, os pedófilos, os frutos desse badalado “desenvolvimento”...

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